sábado, 19 de novembro de 2011

A influência da mídia no imaginário infantil


Em certo sentido, a vida é transição. O ser humano passa por ciclos, anuais, mensais ou mesmo diários. Vivenciam-se os grandes ciclos da infância, da adolescência, da idade adulta, da maturidade e da velhice, além das transições culturais e evolutivas. Novas formas de olhar, de sentir, de receber e de doar, porque a transição é um fato constante da vida.

Nunca se espera pela próxima grande mudança, porque sempre se vivencia o processo. Pode-se até negar que o mundo esteja mudando, ou que o homem esteja. Mas o renovado exame da natureza das coisas diz não ser o homem entidade invariável que se move no curso da vida: o homem é um processo de mutação, como também, o seu imaginário.

O imaginário do homem é formado a partir de suas lembranças e percepções do mundo externo, em relação ao interno. As sociedades partilham de conteúdos dos pensamentos que são, no primeiro momento, interiorizados nos indivíduos e, então, compartilhados no âmbito social. O imaginário social é formado por sistemas de símbolos que são processados e admitidos como referenciais na maneira de ver o mundo externo, através das vivências, objetivos e metas individuais.

E o imaginário infantil? O que dizer?           


Antes é preciso que se defina o que é imaginação, o que é imaginário. De acordo com o dicionário Aurélio (on-line), imaginário, do latim, “imaginariu” consta como: “que só existe na imaginação; ilusório; fantástico. Aquilo que é obra da imaginação. O conjunto de símbolos e atributos de um povo, ou de determinado grupo social.[1] 

Por fim, pode-se dizer que o imaginário é parte inseparável do homem. Presente em todas as civilizações, em todas as atividades humanas. E, sendo o produto da imaginação, o homem nada mais é do que um ser simbólico. 

O imaginário não é um objeto. Ele é precisamente aquilo que em cada homem, não pode ser tratado como objeto. E, é nessa visão comunitária que estão as raízes de uma concepção autenticamente humanista do imaginário.

Aprofundar essa concepção, refletir sobre os seus fundamentos, debater aspectos essenciais e básicos de sua formação, constitui uma tarefa de maior significação para compreender-se o imaginário infantil.
Daí porque, ter-se como objeto deste estudo, a pesquisa sobre a formação do imaginário infantil – como está construído, quando a criança é mais suscetível às idéias e às imagens?

Além do que, busca-se também compreender e analisar a influência da mídia na formação de um imaginário social voltado para o lado racional do homem. Sabe-se que o sistema de crenças, oriundo da ênfase dada ao pensamento cientifico mecanicista, trouxe como consequência a exclusão de valores referentes à humanização e à socialização.

E, o que dizer do imaginário infantil?
Como salienta Adelaide Consoni: a criança é como um visitante recém chegado de um universo desconhecido

[...] é introduzida de maneira forte e sem cerimônias ao nosso mundo de imagens multifacetadas, existências diversas e fantasias surreais. Aos poucos ela vai abrindo os olhos para este novo estado de coisas que vão aparecendo na tela de sua vida, compondo um cenário fantástico e incompreensível, moldando um sem fim de fantasias que aos poucos vão se firmando em sua mente, e moldando o seu novo universo pelo qual ela irá participar como atora e autora até a sua maior transformação como ser natural.[2]

E, por fim, concluir que é preciso mudar, transformar a mensagem que se transmite cotidianamente, carregada, muitas vezes, apenas de pessimismo. O imaginário infantil é dialético, não se prende a um dado definitivo. Por isso, não se reduz a uma natureza substancial, a um esquema fixo e rígido de ser. A criança se expõe, ela afronta, existe projetando-se fora de si, face ao real e ao imaginário. Mas, ao mesmo tempo, ela se retoma, concentra-se sobre sua própria interioridade, é afirmação e negação sucessivas de si mesma.

A análise e a interpretação dos autores mostram que se faz necessário uma profunda mudança nas mensagens ideológicas transmitidas pela mídia. Acredita-se que há atualmente, uma necessidade maior de integração entre  ciências,  artes e  humanidades, como a saída viável para o futuro das crianças.

O homem encontra-se na era da revolução científica, que só pode ser comparada ao nascimento da ciência clássica racional do século XVII. Nesta nova era revolucionária têm-se os físicos mais ousados que falam abertamente sobre a mudança de paradigma, sobre o conhecimento integrado, usando o primado da consciência. Se na revolução científica do século XVII teve-se o primado da matéria, desta vez tem-se o primado da consciência.

Uma solução para a construção de uma sociedade saudável, que respeite a complexidade da era moderna e, ao mesmo tempo, a individualidade infantil é o que Prout enfatiza: “[...] criança não precisa ser considerada uma espécie distinta, mas sim, uma ordem da rede. Rede seria uma coleção de ordens sociais diferentes que podem competir ou conflitar, mas principalmente são sobrepostas umas as outras e devem ser pensadas no contexto geral”.[3]

O que se tem que observar não é até onde os meios de comunicação atingem, mas sim o seu conteúdo moral. Os sistemas que se conhece não encorajam a prevenção dos problemas humanos e, sim, a intervenção. Isso resulta em paradigmas maléficos para a própria sociedade. Todos os problemas são fragmentos de uma só crise, que é a crise da percepção. Precisa-se hoje de uma nova percepção do mundo.


As conexões formam a matéria, como formam a música, como formam o ser humano.  Precisa-se entender que a maneira de ver o mundo, de se relacionar, de se conectar com o externo determina nossa vida. E, crianças são seres em desenvolvimento, por isso a importância de uma educação fundamentada em valores, e especialmente em valores do bem.

A criatividade é um processo básico dessa evolução. E, estimulá-la através de atividades que buscam o melhor do homem é uma atitude consciente. Precisa-se de uma sociedade que se preocupa com o caráter moral dos homens que virão habitar sua casa no futuro. Precisa-se pensar em nossas próximas gerações.
Mudar o sistema de valores inclui uma economia mais sustentável, que beneficie a todos da mesma maneira. Mudar os valores implica em muita coisa, em pagar bem para uma professora, que forma a moral das crianças, investir na educação, na saúde e na segurança, de maneira igualitária.

Esses valores têm de estar refletidos na noticia que é dada  continuamente, formando um imaginário social mais saudável e consciente.



[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio (Dicionário eletrônico). Versão 5.0. Positivo Informática, 2004.
[2] CONSONI, Adelaide.  A influência da mídia no imaginário infantil.  Disponível em: <sites.uol.com.br/paulo-v/textos/img9.htm>. Acesso em: 12 nov. 2011.
[3] PROUT, Alan. Reconsiderar a Nova Sociologia da Infância. Braga: Universidade do Ninho. Instituto de Estudos da Criança, 2004. (texto digitado)

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